Precisamos falar sobre Kara

Se você acompanha o Mesa, mesmo que só de vez em quando, deve ter visto a série de posts que eu venho fazendo, chamada "Depois do Piloto". E se você viu algum post da série, deve ter reparado que eu dou a minha primeira impressão sobre uma série, depois de ter visto apenas o 1º episódio dela. Nesse meio, já se passaram diversas séries (algumas muito conhecidas, outras que poucos ouviram falar), mas talvez uma das mais importantes tenha sido Supergirl.

Não porque é uma das mais conhecidas, ou por causa de ibope, gosto, ou algo assim; mas porque foi a série que desencadeou a ideia para os posts (caso você não lembre, clique aqui), sendo ela a primeira de todas! E o meu comentário sobre a série foi o seguinte:
Quando vi que iam fazer uma série sobre a prima de Kal-el eu fiquei super contente! Ainda mais porque já não era sem tempo que as super-heroínas invadissem as telinhas e telonas, com essas remodelações dignas de notabilidade. Então Kara é a estrela, mas pelo piloto eu achei a série um pouco chatinha. Fiquei com a impressão de que está fadada ao mesmo destino de Birds of Prey...mesmo assim vou assistir mais episódios. Não sei quando...mas vou... se eles seguirem por uma mistura bem dosada de Smallville em seus anos áureos e Flash no dinamismo dos episódios, acho que pode passar a ser um sucesso.
Só que os meus sentimentos relativos à essa série mudaram bastante e depois de dar mais uma chance à Kara e companhia, resolvi fazer esse post para tentar te convencer a também dar uma chance e perceber que além de querida, a Supergirl é simplesmente necessária.

Mas vamos lá, porque necessária?
Bom, para começo de conversa, Supergirl abre espaço para as brilhantes super-heroínas da DC, ao mesmo tempo em que estabelece um novo perfil para elas, que talvez incomode numa primeira visada, mas que é realmente essencial se queremos marcar nossa participação efetiva no mundo dos heróis e mostrar que somos mais do que a extensão dos interesses de namorados, irmãos, primos, pais, etc. 
Segundo, porque essa série realmente tem algo a dizer, mesmo que não pareça logo de cara. Então para argumentar de modo mais efetivo, eu fiz uma das minhas adoradas listinhas mostrando porque você deveria, de uma vez por todas, olhar para Kara de um jeito diferente.
Lembrando que toda a primeira temporada está disponível no Netflix.

1 - Pois é uma super-heroína:
Pode parecer uma argumentação não boa, já que eu venho repetindo isso consecutivamente, mas a importância dela é enorme! É uma série verdadeiramente feminina e feminista, que não cai no discurso fácil de colocar Kara sob a sombra do Superhomen e nem a torna uma "oponente". Kara ainda não é completamente auto-suficiente, mas isso é uma das coisas mais legais, porque mostra que precisamos dos outros para sermos mais e alcançarmos mais. Com o trabalho em conjunto, é possível ir além. 
Em seguida, a forma como a personagem passa a buscar o seu próprio lugar e a sua forma de trabalhar, sem querer ser comparada ou ficar tentando provar que é melhor do que seu primo, só mostra que na verdade, Kara quer ser reconhecida, mas suas reais motivações são de fazer a sua parte e, ao mesmo tempo, encontrar a si mesma. O que fala diretamente com a geração dos seus 20 e poucos anos, não é verdade?

2 - Pois é uma pioneira:
Não podemos dizer que é a primeira série de TV com super heroínas em papel de destaque, já que tivemos a clássica série da Mulher Maravilha, Xena, Birds of Prey, entre algumas outras, mas é importante a gente perceber que elas foram relativamente espaçadas umas das outras e por conta disso não houve uma real inserção dessas personagens no imaginário popular. Com o boom dos superheróis, houve uma real renovação ao acesso desses personagens e uma reformulação no fazer séries e filmes com eles como protagonistas, se pensarmos que essa renovação trouxe mais espaço para as mulheres, precisamos pensar que Kara (que era vista como uma personagem secundária) abriu seu próprio espaço e se torna uma referência. Agent Carter (que continua sendo a minha série favorita de heróis) também é uma pioneira, mas se difere de Supergirl tanto pela sua ambientação, quanto pelo seu enredo e o fato dela ser uma série que lembra mais o estilo policial, que de super-herói; logo não é uma comparação realmente efetiva.

3 - Pois ela não "gostosona"
Uma das lendas urbanas sobre personagens femininas em HQs, é que elas precisam ser gostosas. Mas assim, num nível superior de gostosice, desses que a gente não sabe nem como lidar! Se você pegar as Histórias em Quadrinhos que têm personagens femininas em lugar de protagonismo, ou mesmo de coadjuvante, vai perceber o quanto essas mulheres são desenhadas com músculos e "udas" (peitudas, bundudas, boazudas...) e uma das coisas mais interessantes em Kara é justamente olhar para ela e não ver toda essa "udeza". Na verdade, Kara, interpretada por Melissa Benoist é super normal e se tem um adjetivo que se encaixa muito bem nela é "fofa". Sim! E isso faz com que a personagem ganhe força muito mais pela sua personalidade, caráter, bondade e por resgatar os valores de um superherói, do que por ficar bem em um colán apertadinho.
Sua falta de gostosura também abre precedentes para que personagens mais "tímidas" e "desajeitadas" ganhem protagonismo e saiam do ostracismo, muitas delas, que tem o cérebro como arma principal (como a minha amada Bárbara Gordon) que vivem sob o falso pressuposto que não vão interessar o grande público. Vale dizer que personagens mais normais, representam muito mais a gente, do que seres inalcançáveis.

4 - Pois tem outras protagonistas, que mostram as múltiplas facetas do "ser mulher". Leia-se Cat e Alex.
Além da própria Supergirl, a série também tem como suas co-estrelas relevantes Cat e Alex. E o fato delas serem as verdadeiras regentes dessa história, ao lado de Kara, torna a série ainda mais interessante, porque representa a multiplicidade do perfil feminino, principalmente da mulher empoderada e que conquistou o seu espaço, traçando o seu caminho por mérito próprio, sendo, talvez, um dos trunfos da série, a não-romantização delas, deixando claro sua luta e o que tiveram que abrir mão para serem quem são. 
Pegue-se assistindo e levando os conselhos de Cat para a sua vida...

**Se você curte animação, aproveita para ver DC Super Hero Girls, uma série animada feita para o público feminino, principalmente para meninas de 5 a 10 anos. Vale muito a pena, já que o empoderamento começa desde cedo ;)

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