L'imaginaire est unique

Com uma fotografia primorosa, figurinos de tirar o fôlego e cenografia encantadora, a versão francesa mais recente de "A Bela a e a Fera",  La Belle et La Bête mostra outros aspectos da história atemporal de amor e ainda se deixa influenciar por algumas das características mais primordiais e belas dos Contos de Fada.

Bom, se você acompanha minimamente o Mesa, deve saber que além de grande admiradora e entustiasta dos Contos de Fada, também me dedico a estudar o tema, dentro das mais diversas frentes, como Psicanálise, Filosofia, Antropologia, Artes e, claro, Comunicação. Como tal, sempre estou procurando novidades e 'novas' versões e interpretações sobre estas histórias. Foi assim que fiquei sabendo que La Belle et La Bête estava sendo produzido e divulguei aqui, sobre a sua arte conceitual. Então é oficial dizer que eu acompanhei todos os passos do filme, até a sua estréia, no entanto me recusei de ir vê-lo no cinema, pois nas salas locais só trouxeram cópias dubladas. 
Assim começou a minha busca por uma cópia de qualidade e legendada (e bem legendada) que pudesse me colocar dentro dessa história que eu tanto amo! Com esta missão cumprida, consegui assistir ao belo, majestoso e fantasioso filme.
Importante ressaltar dois aspectos aqui, os quais penso sendo primordiais para que você, caso venha a se interessar pela película, tenha em mente: 1 - O filme é baseado nos contos clássicos de "A Bela e a Fera" e não na versão Disneyana de 1992. Logo, não pense você que vai se deparar com uma versão live action da animação, ou que vai encontrar Lumiére, Miss Pops e companhia.* // 2 - O filme tem uma proposta muito diferente do que você talvez esteja acostumado, uma vez que prima por ressaltar os aspectos fantasiosos e incríveis dessa história, supondo que, de fato se passa em um período verossímel. Ou seja, uma verdadeira heterotopia!

Passando por isso, fica mais fácil assimilar as diversas 'diferenças', por assim dizer, trazidas no filme, tanto com o seu começo peculiar, quanto com os caminhos que são tomados pelos personagens e que levam a Belle (Léa Seydoux) e a Fera (Vincent Cassel) se encontrarem. Em todos esses enlaces o elemento mágico está presente, inclusive sendo a explicação (bastante lógica, pelo estilo da narrativa) pelos eventos que se seguem, o que também engloba a própria bestificação do homem, por este não ter sido forte o suficiente para lutar contra suas mais ralas ambições e vaidades.
Relevante ressaltar, que além do famoso "ver além da capa", que parece nortear o mote da história de "A Bela e a Fera", também nos deparamos com algumas das questões mais íntimas e 'obscuras' de um ser humano, que são as suas obcessões, seus medos, suas ambições, sua luxúria e sua determinação. Tais sentimentos/impulsos rodeiam toda a realidade da Fera e a paixão que Belle passa a desenvolver pelo ser. Tais questões também são responsáveis pela construção de uma Besta (fera) que está muito mais relacionada à ferocidade e institividade, do que, de fato, feiura. Essa pequena, porém significativa característica, é muito bem trabalhada no filme, nos demonstrando que, segundo esta versão, para nos tornarmos, verdadeiramente humanos, precisamos nos desfazer do lado animal (besta) e todos os seus impulsos.
Embebidos de influências das mitologias, o que inclui a aparição de ninfas, fadas e deuses da natureza, La Belle et La Bête, ao contrário do que você pode estar pensando, não é um filme para crianças, porque mesmo que tenha como pano de fundo uma história que é, teoricamente, para elas, se descortina como uma obra bastante complexa e profunda, que trata, inclusive, com obscuridade certos assuntos, até mesmo o relacionamento e desenvolvimento do amor entre Belle e Bête.

O final, também um pouco diferente, resgata o aspecto de salvação e amor profundo presentes no gênero, mas sem perder a grande qualidade que o mesmo trouxe (inclusive para as minhas pesquisas): A Magia que faz a história acontecer está sendo resgatada.

La Belle et La Bête está incluso na minha lista de 24 filmes para 2015, no gênero Contos de Fada. A lista faz parte de um tema de blogagem coletiva proposta pelo povo do Blogs que Interagem.

P.S: Lady Salieri, do blog Visão Periférica fez uma resenha que faz um contraponto super pertinente à minha. Penso que se você tiver um tempinho, pode o aproveitar e muito dando uma passada por lá. Link do post 

*Já sabemos que a fofíssima Emma Watson vai personificar a Belle na versão live action da animação disneyana e produzida pela própria Disney. Ao que tudo indica Ryan (OMG) Gosling fará a fera. 

2 comentários

Leonardo Chaves disse...

Oi! Eu sou Leonardo, do Reverso do Mundo. Muito obrigado pela tua participação no blog. Eu também adoro retrô, uso retrô. Não sou lá muito adepto de times de futebol, mas gosto das camisas dos anos 50 até 70 e uso bastante. Gosto de música, principalmente rock dessa época e acho que isso sempre volta, quase nada é de fato inovação, no sentido estrito do termo. Vc pode citar sim, eu ficaria mto honrado com isso. Adorei a atmosfera daqui, bons posts, boa forma de abordagem, parabéns pelo trabalho.

Lady Salieri disse...

Adorei, adorei, adorei!
Adorei tanto seus pontos de discordância comigo em relação à minha resenha, quanto adorei a sua resenha em particular. Você abriu meus olhos para várias coisas que eu não consegui captar na história. Acho que passei a entender mais o filme depois dos seus comentários, ainda que, pra mim, ele peca na questão do efeito com as cenas. Porém, não sou uma estudiosa como você haha. Mas, enfim, queria ter achado antes a sua resenha pra ter feito um diálogo com ela, eu sempre procuro outros posts a respeito daquilo que estou escrevendo para ampliar a minha visão, uma pena que ela não apareceu pra mim. De todos os modos, eu vou colocar o link dela na minha, para as pessoas terem uma outra ideia, eu adoro fazer isso *-*
Abração!
Obrigada =D