É gostoso e satisfaz

Através de um show de cores, comida bela para te encher de vontade de comer (nem que seja só com os olhos) e uma história que dá, exatamente aquilo que se quer, o longa "A 100 passos de um sonho" estreou nas telonas brasileiras deliciando quem procura uma boa história de final de semana.

Baseado no romance homônimo de Richard Morais, o longa metragem dirigido por Lasse Hallström (que dirigiu o meu adorado "Chocolate", mas também alguns bem mais conhecidos, como "Querido John", "Sempre ao seu lado" e "Um porto Seguro"), segue a mesma linha da história original, onde conhecemos o jovem cozinheiro Hassan (Manish Dayal), que ao ter o restaurante da sua família depedrado por motivações políticas, foge em asilo para a Inglaterra. Com a justificativa de: "os vegetais daqui não tem alma", ele parte, novamente com seu pai (Om Puri) e seus irmãos para uma jornada, que os leva à Saint-Antonin-Noble-Val, no sul da França. Instalados em uma casa, eles abrem o Maison Mumbai, justamente em frente (a 100 passos de distância) ao único restaurante da cidade com uma estrela do guia Michellin.
A partir daí uma série de acontecimentos levam os caminhos de Hassan e se encontrarem com o de Madame Mallory (Helen Mirren), primeiro de modo bastante conturbado, depois como mestre e pupilo.
Bom, a primeira parte do filme é uma "clichezada" só, onde os indianos são os criativos e coloridos, enquanto os franceses são os tradicionais e frígidos. Esta lógica se segue, até que Madame Mallory começa a criar um laço com Hassan, tendo a oportunidade de ver como o rapaz é um excelente cozinheiro e um verdadeiro chef em potencial. Como tem fome de conhecimento, Hassan não se contenta apenas em saber fazer pratos indianos. O rapaz aprende todos os passos para a culinária francesa tradicional, a ponto de poder reinventá-la, através de sabores e odores vindos da sua terra, o que logo o torna um grande e reconhecido chef. 

De modo geral, a história contada por Lasse é um presente para os nossos olhos, justamente porque aposta numa estética de planos detalhes, olhares que complementam um diálogo, cores que tomam forma e planos abertos na natureza, com visuais belíssimos. A história também é bem gostosa de assistir, mas não tem grandes momentos, nem podemos dizer que se trata de um daqueles filmes que devem ser vistos na grande tela. Mesmo assim, definitivamente é um enredo que agrada, dando ao público exatamente o que ele quer. Uma vez que, passados os primeiros minutos de clichês, passamos a ver uma bem dosada narrativa sobre superação, sonhos, jornada e o sentido do sucesso.
Helen Mirren é sempre fabulosa! Uma experiente atriz que consegue personificar, de modo maestral, o papel de megera francesa, até se tornar uma simpática e bondosa patrocinadora de Hassan. Sua atuação, inclusive, nos dá pistas de um passado que não fica muito claro durante o filme, o que em si só é excelente! Na outra ponta, o jovem Manish, que eu já conhecia de 90210, tem uma qualidade que acho importante ser comentada: a câmera o ama. Em todas as cenas em que aparecia, nossos olhos são levados de modo independente a observá-lo, até mesmo nas cenas em que divide com a rainha Helen, somos arrebatados por seus olhos expressivos e sorriso cativante, e mesmo com esse detalhe, o rapaz nos dá uma ótima interpretação e ajuda a conduzir o filme para um final bastante pipoca quentinha com manteiga, porém satisfatório, como uma boa refeição deve ser.

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