Pessoas Substitutas

Eu nunca escrevi de verdade sobre esse filme, apesar de ser um dos meus favoritos. Talvez porque ele me invoque certos sentimentos, aos quais não pensava serem indicados aparecerem, até agora.


"Elizabethtown" é um filme sobre redenção, sobre fracasso, superação, despedidas e sobre encontrar o seu caminho. Alguns podem qualificá-lo como uma boba história de 'garoto encontra garota', mas a verdae é que o processo de cura, o qual o filme trata vai muito além de encontrar uma pessoa especial e querer passar a sua vida toda com ela. O processo de cura é muito mais complexo, com encontros e desencontros do seu próprio ser.
É como se o verdaeiro foco de ser quem se é e as escolhas que são feitas, realmente não interessassem sem o cerne, sem a alma, sem a nossa cidade.
Bom, basicamente a história começa com o fiasco de Drew Baylor (Orlando Bloom), um designer de sapatos que vê sua vida perder o sentido quando causa o prejuízo de US$ 972 milhões para a Mercury (empresa de esportes que trabalhava). Não é preciso dizer que ele é demitido pelo prejuizo e que também perde sua namorada (Jessica Biel). Drew não vê como pode recobrar o sentido de sua vida, então decide cometer suicídio. Pouco antes de fazê-lo, ele recebe uma ligação de sua irmã Heather (Judy Greer), contando que o pai deles morrera de infarto em sua cidade natal, Elizabethtown. A partir daí, todos os caminhos de Drew os leva para Elizabethtown e ele embarca em uma viagem para organizar o funeral do pai. No vôo, ele conhece Claire Colburn (Kirsten Dunst) que com a sua sensibilidade e perspicácia entra na vida de Drew e o encanta profundamente. 
É importante dizer que, assim como "Antes do amanhecer", "Elizabethtown" se foca em diálogos, com cenas longas e nenhuma conclusão pode, realmente, ser fechada. Claire faz Drew sair da sua zona de conforto diversas vezes, parecendo ser o ponto de equilíbrio de uma nova vida para Drew, porém ele é muito teimoso para perceber que tem muito mais possibilidades, do que falhas e muito mais perspectivas, do que impedimentos. Sim, tem um casal protagonista (afinal, todas as grandes histórias tem um grande romance entrelaçado), mas o romance não é o foco, e sim quem eles são como indivídiuos, o que podem trazer para a relação e se são bons, um para o outro.
"Elizabethtown" também mexe com outros sentidos, quando tem uma trilha sonora brilhante, envolvente e com músicas que significam mais que palavras, em cenas silenciosas, como um por-do-sol, uma estrada e uma mente esvasiando. Nesta trilha, temos vozes clássicas como Elton John, Ryan Adams, Tom Petty, Bono e muito mais. Além de um momento onde Susan Saradon dança "Moonriver"...indescritivelmente lindo.
Clique na capa para ouvir a trilha
 O "final" do filme gira em torno do momento de re-vida de Drew, onde ele é colocado frente a frente com os seus demônios, arrependimentos, medos e claro, com a decisão de seguir adiante, mesmo não sabendo exatamente o que vai acontecer, ou simplesmente voltar para casa. O que ele decide você deve assistir ao filme para saber, mas já adianto que mais do que redenção, é possível encontrar mais do que você esperava. Afinal de contas, você não precisa de um sorvete "sabe, algo doce que derrete em cinco minutos" (Claire) - veja outras citações de "Elizabethtown" aqui.

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