Dia internacional da água - Canal Futura

Bom gente, eu não costumo fazer propaganda de mim mesma, mas esta semana eu tive a oportunidade de fazer uma matéria para o Canal Futura. Fiquei tão honrada que tinha que compartilhar no meu blog o vídeo.
Ainda não tenho ele editado, apenas a parte que corresponde ao todo do primeiro bloco do Jornal Futura em que a matéria está inserida. A matéria está no minuto 2:34 e já corrigindo um pequeno deslize da produção do Futura, os entrevistados são, respectivamente:
Voyner Ravena - Professora da UFPA/Nadic
Vera Braz - Coordenadora do projeto "Qualidade da água subterrânea do Bairro da Terra Firme".

Ela voltou a ser popular

Todos já ouviram falar da história da mocinha indefesa que por ser a mais bela do reino acabou sendo caçada por sua madrasta invejosa. Seu destino acabou sendo levado até a casa de sete anões que a protegeram e tentaram cuidar dela, mas infelizmente a bruxa má chegou até ela e a deu uma maça envenanada, fazendo com que ela caisse em sono profundo...e que seria eterno, se um príncipe encantado não aparecesse para despertá-la com um beijo de amor verdadeiro.
Branca de Neve. Esta doce princesinha teve sua história contada de várias maneiras, a mais conhecida é a que eu resumi no parágrafo anterior, mas pouco se sabe da história original, apenas que por ser da tradição oral ela se modificava conforme ia sendo contata, até chegar nos ouvidos dos alemães Grimm e eles transcreverem com estas características e mais algumas, como as tentativas extras de matar Branca (uma escova de cabelo envenenada, foi uma delas) e o castigo da bruxa de dançar pela eternidade com sapatos em brasa.
Sabemos que a história da meiga Branca de Neve tem outras versões também, na Albania Branca na verdade vive com 40 dragões que a protegem depois de ter caído em sono eterno causado por um anel dado pela madrasta, além de uma versão até popular (e certamente foi popular na minha infância sendo lida para mim antes de dormir) Branca de Neve e Rosa Vermelha, que é a história de duas irmãs que se perdem na floresta e acabam enganadas por um gnomo.
O primeiro filme sobre Branca de Neve foi em 1902, mas o de 1916 com Marguerite Clark, uma das musas do cinema mudo, foi mais popular. Este segundo filme foi a inspiração para que Walt Disney criasse o primeiro filme de animação em longa-metragem, em 1937. 
Branca de Neve e os sete anões foi tão popular que por anos (até a estréia de O Rei Leão) detinha o posto de maior bilheteria da história do cinema e a imagem da mocinha petite, doce, meiga de vestido azul, amarelo e vermelho e amiga de sete anões adoráveis foi conectada diretamente com a história.
Porém, com o passar do tempo versões e adaptações sobre a história acabaram se tornando menos queridas. A postura de Branca de Neve já estava "obsoleta" para os moldes femininos das novas décadas e principalmente do novo século.
Branca era adorável, mas ninguém mais parecia gostar de verdade dela. Entre as princesas do mundo da Disney era a menos querida e menos lembrada. Enquanto que nos parques filas e filas se instalavam para tirar fotos com a Cinderela, Belle e Ariel, Branca era deixada de lado e muito pouco se falava dela
Há quase 5 anos a Disney lançou o filme Encantada, para comemorar o aniversário de 70 anos do filme. Encantada pretendia resgatar alguns valores representados pelas princesas e, claro, queria reavivar a vontade das pessoas de assistirem aos filmes clássicos, fazendo referências diretas às histórias conhecidas e trazendo elementos novos que falassem a mesma língua que as meninas do século XXI.
Em 2010 a empresa relançou a história de Branca de Neve em uma versão Diamante, para blu-ray e também cheia de bônus especiais.
Seria o despertar de Branca de Neve?
Talvez, se não fosse pelo fracasso de venda.
O filme teve uma tiragem significativa, no entanto não conseguiu vender tanto quanto a empresa esperava. Logo foi decretada a impopularidade de Branca.
Entre adapatações de baixo orçamentos e empreitadas não tão rentáveis como a de 2001 estrelada por Kirsten Kreuk, Branca de Neve teve um espaço de quase 50 anos de versões que mostrassem sua história de forma diferente.
Além disto, em nenhum dos parques da Disney ela tinha um espaço dedicado só para ela, como acontece com as outras princesas. Este espaço pretende ser construído até 2013 com a inauguração do espaço Snow White and the diamond Mine.
Percebendo tudo isto, algumas mudanças teriam que ser feitas. Branca teria que ser um pouco diferente do que se esperava dela. Teria que oferecer algo há mais para que ela voltasse a ser querida. Ela precisava ser mais ousada, ser mais independente e mais moderna. 
Foi aí que, não só os Estúdios da Disney, mas também outras produtoras resolveram investir nesta história.
Só este ano 3 produções cinematográficas estão sendo feitas, todas girando em torno da história de Branca. A primeira delas é "Espelho, Espelho Meu", mantendo a história original, com alguns toques de ação, a grande novidade do filme é trazer um pouco mais sobre a visão da madrasta e uma presença mais afiada do príncipe. No elenco estão Julia Roberts e Lily Collins (que me lembrou intensamente uma jovem Audrey Hepburn nos cartazes do longa).

A segunda produção é da Universal e se chama "Branca de Neve e o Caçador", que já pretende ser algo um pouco diferente, dando um ar de guerreira à personagem principal (mesmo que seja interpretada por Kristen Stewart). Podendo ser um ótima aposta ou um terrível fracasso, a história gira em torno da união de Branca com o caçador (aquele que ficou com pena de matá-la) para destronar a rainha má. Promete, também muita ação e tem no elenco Kristen Stewart e Charlize Theron.
Correndo por fora destas duas produções que estão previstas para serem lançadas este ano ainda, está "The order of the Seven" (que deve ser traduzido para A Ordem dos Sete) da Disney que quer trazer uma Branca de Neve ainda mais diferente: Branca se chamará Olivia Sinclair e será uma britânica expatriada e exilada em Hong Kong. Lá ela conhece sete lutadores de um grupo centenário conhecido como A Ordem dos Sete. Estes lutadores foram subjulgados por uma imperatriz má. Saoirse Ronan será a protagonista desta versão disneyana, mas os detalhes dos outros personagens (no caso os sete e a imperatriz) ainda está sendo mantido em sigilo.*
A ABC (que também é uma empresa da Disney) está produzindo a série Once Upon a Time que, além de uma Branca de Neve, também traz outras personagens conhecidas, como Cinderela e Belle, em  novas interpretações (saiba mais aqui).
No "final" de todas estas interpretações, versões e adaptações uma coisa é certa Branca de Neve talvez nunca tenha sido tão popular quanto agora...

*Update: No dia 24/05/2012 a Disney anunciou o cancelamento da adaptação "The order of seven". Segundo o que foi anunciado, eles repensaram a enorme quantidade de adaptações que estavam acontecendo em tão pouco tempo e resolveram apostar na adaptação que estão fazendo da Bela Adormecida e deixar Branca de Neve cochilar mais um pouco. (fonte)

1º Pré-CLIC de 2012 discute a América Latina

Especial Bonequinha de Luxo - Parte II

O Pretinho Básico

"Há séculos a tintura preta só era acessível aos muito ricos. No século XVII, os ricos abandonaram as cores escuras. Na era vitoriana - quando se originaram as ideias sobre o preto - era usado quase exclusivamente por quem estava de luto. (...) Mulheres usando preto, para os homens significava experiência, a usuária conhecia sexo." (Sam Wasson)



A relação do vestido preto emblemático de Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo, perpassa muito além da simples assinatura que ele possuia - o vestido era um original Givenchy. Na verdade, o vestido preto básico do filme é também uma espécie de marco simbólico, tanto para a moda, quanto para o próprio "ser" mulher em um período de transição tão intensa.
Só que a história do pretinho básico começa muito antes de Bonequinha de Luxo, na verdade tem marcos fundamentais que tornaram-no uma cor presente, usável e adorada entre o gênero feminino.
O preto foi por muito tempo sinal de viuvez, mas em meados do séc. XX as melindrosas carimbaram a cor como um sinal de despreocupação com amarras sociais e que o que preservavam mesmo era a sua vontade de se divertir.
O sexo também estava diretamente ligado às conotações que a cor tinha (atribuindo à mulher que usasse como experiente sexualmente) e só quem conseguiu quebrar com isto, foi Chanel que capitalizou o pretinho e o chamou de símbolo da nova modernidade. Com a sua frase "Tudo que uma mulher precisa é de um homem que a ame e um vestido preto", os tubinhos de cetim preto ficaram ainda mais comuns entre as moçoilas dos anos 30.
Sua dispersão também teve  muito a ver com o racha de 1929, quando o prático, simples e funcional tomou conta dos gostos das massas, "o vestido preto tornou-se um gesto politicamente correto. Era chique ser quadrado." (p.152)
Mas então, houve uma coleção de Dior, chamada New Look, esta coleção além de novamente dar uma silhueta a mulher, também quebrava com os paradigmas das décadas de 30-40. Ele era suntuoso, ousado, até mesmo dramático. "Dior deixou para trás as ombreiras musculosas e os tecidos duráveis do começo da década de 40. Em seu lugar, ele reintroduziu a silhueta ampulheta e o busto havia muito esquecido." (p.61)
Mas com o ressurgimento doméstico dos anos 50 nos Estados Unidos a cor voltou a ser valorizada e voltou a ser uma espécie de emblema da feminilidade. "Basta olhar os filmes: só as malditas usavam preto. (...) e antes delas, quando o filme ficava noir via todas as suas curvas na sombra, mesmo antes de abrirem suas bocas, já sabiamos que seriam fonte de confusão." (p.153)
'Correndo' nos bastidores de toda este luxo Diorniano e temas florais ciquentistas, Hubert de Givenchy era conhecido pelo seu estilo clássico, por sua simplicidade e o culto ao belo, acima de tudo "considerava a beleza e o valor artístico da moda, não a sua utilidade." (p.62). Para Audrey foi o estilista mais indicado. E para Givenchy, Audrey se tornou a musa inspiradora.
Desde que os dois trabalharam juntos em Sabrina, havia uma claúsula no contrato de Audrey que todos os figurinos utilizados por ela em seus filmes seriam assinados por Givenchy.
Assim, quando Givenchy recebeu o roteiro em que dizia: "A porta do táxi se abre e uma moça sai. Usa um vestido de noite, sem costas e carrega, além de sua bolsa, um saco de papel pardo.", preto veio à sua mente instantaneamente. Preto era uma escolha óbvia, tratava-se de uma postituta.
Só que tratava-se de Audrey também.
É verdade que Audrey usava preto antes (na verdade era uma das cores que mais usava fora das gravações), inclusive com dois vestidos memoráveis, o preto de Sabrina e o preto de Cinderela em Paris, só que em ambos os casos as suas duas personagens estavam inseridas em contextos diferentes ao de Holly. Tanto Sabrina, quanto Cinderela em Paris se passavam na Paris do mundo da moda. Bonequinha de Luxo seria gravado e também se tratava de Nova York. Como Holly Golightly teria acesso às modas das casas européiais?
Audrey confiava cegamente no bom gosto de Givenchy e ele apresentou a resposta para os problemas deles, um tubinho simples, longo sem enfeites, mas que tinha um caimento sutil: uma classe muito realistas e acessível.
Jeffrey Banks disse: "De repente, em Bonequinha de Luxo, chique não era mais uam coisa distante só para ricos. Claro, em parte inha a ver com quem Audrey era e o tipo de pessoa que ela representava para o público, mas tinha a ver também com Givenchy. Ao contrario de Balenciada, ele era um natualista e o corpo era mostrado como era. Sem enfeites, tornando o inatingível em possível." (p.154).
Depois de Bonequinha de Luxo ser lançada, o pretinho básico se tornou uma febre. Ele era tão fácil de imitar que qualquer mulher jovem de 1961 podia mandar costurar ou mesmo comprar pronto versões inspiradas no modelo de Givenchy. Claro que a maioria não era, de fato, um Givenchy, mas no final das contas se era preto, estava valendo.
Audrey tinha conseguido dar continuidade àquilo que tinha começado em A Princesa e o Plebeu: tornou emblemática, não só a personagem feminina, mas também transformou aquilo que ela portava -cabelo, roupas, sapatos - em símbolos de uma nova época. Uma nova geração.
De reprente os anseios daquela mulher em ascensão, em mudança comportamental e também psicológica estavam todos transcritos no pretinho. Ele parecia gritar e dizer: "Não preciso de um megafone da moda para me fazer ouvir. Não preciso me empetecar para ser notada. Só preciso ser eu mesma!"

Audrey Hepburn e Hubert de Givenchy