Imortalidade é um clichê

Se 300 deu um tom de guerra super bem produzida aos filmes épicos, Os Imortais não deu tom de nada na grande tela.A história parece uma Ode a torturas sanguinolentas, guerras exageradas e deuses carnavalescos com armaduras que mais pareciam uma releitura dos cavaleiros de ouro do "Cavaleiros do Zodiáco". O exagero parecer ser o elemento principal da trama, que mistura Guerra de Titãs com 300 em uma história que tem um roteiro clichê e previsível de mais.
Mas vamos à história:

Antes do tempo começar na Terra para os homens e animais, havia o Paraíso. E numa guerra sangrenta, os vencedores se clamaram deuses e os que perderam foram banidos para o monte tártaro, os Titãs.
O arco de Épiro foi perdido, a arma mais mortal de todas, e por muito tempo a grande guerra foi esquecida até que o Mal
ressurgiria na figura do Rei Hipérion (Mickey Rourke) em busca dessa mesma arma para libertar os Titãs e libertar o inferno na Terra. Ele simplesmente passou a desdenhar os deuses do Olímpo quando mulher e filha lhe foram tomadas e mortas, e nessa frustração (verdade seja dita) quer o fim da era da fé humana nas preces.
Com essa premissa básica, o cerne entre o bem e o mal, que Os Imortais tece a trama que brinda um visual arquitetônico e de indumentárias dignas de escola de samba que faria Clóvis Bornay, Joãozinho Trinta ou Mauro Quintaes encherem os olhos de felicidade.
Teseu (Henry Cavill) é o típico camponês, embora altamente treinado nas artes de luta, lidando com situações extraordinários graças à invasão de Hipérion. Com a mãe morta pelas mãos do sádico déspota interpretado por Rourke, Teseu transforma-se num lendário guerreiro. Fonte: Nerdrops


Sem muito o que esperar da história, e sem muito para onde correr nos diálogos, as sequências de luta acabam tomando conta de todo o enredo, deixando de lado momentos que poderiam ser melhor trabalhados, como a história de Hipérion. Em certo momento Hipérion revela que veio de uma origem camponesa e que se tornou rei. Como isto aconteceu? Não sei se todos os espectadores tiveram a mesma impressão que eu tive, mas os personagens não foram apresentados para nós e sim jogados como se fossem velhos conhecidos, desta forma as 2h de filme que se seguiram foram de total foco nas batalhas.
Até mesmo a relação amorosa entre a Oráculo Kendra e o bravo Teseu foi colocada de lado. A única cena que eles compartilham é a que moça decide não ter mais visões, então deita-se com o guerreiro para perder a virgindade. Depois disto não se pode dizer que eles estão (ou já estiveram juntos), uma vez que nem toques e nem trocas de olhares o casal tem.
A tortura também marcou presença, de forma que personagens eram mortos sem grandes motivos e a equipe de maquiagem artística teve muito trabalho para tanto olho roxo, cortes profundos e sangue por todos os lados. Híperion, apesar de sua dor inerente, continua sendo um vilão à lá Modernismo, em que nenhuma gota de seu sangre passa bondade. Ele, em sua essencia é mal.
Os Deuses...o que falar deles?! A questão filosófica sobre a sua existência é apresentada, mas não é bem trabalhada. Tirando as personagens fervorozas e fiéis, os outros não apresentam qualquer característica de crença divina. Mas eles estão lá. A perfeita visão dos super humanos.
Eles podem se transfigurar em humanos e caminhar entre eles na terra, bem como podem tocar as vidas dos mesmos, desde que nao interfiram no livre-arbítrio. Quem quebra esta regra está sujeito a ser morto (já que apenas imortais podem matar imortais).
Entre eles somos apresentados apenas a Zeus, Atena, Ares e Poseidon, sendo que estes dois últimos são personagens essencialmente secundários e praticamente irreconhecíveis, uma vez que suas fantasias não deixam claro de quem está sendo apresentado.
Apesar da presença de atores relativamente bons e de uma plástica visual incrível, digna de filmão, não tem muito do que se esperar de filmes sem um roteiro realmente bem escrito, a não ser uma continuação forçada e ainda mais porrada em slow motion.
Mais um daqueles filmes que não vale a pena ver no cinema.

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